domingo, 10 de fevereiro de 2013

Manhãs de Junho - A Familia

O sol veio cumprimentar com firmeza aquele dia primeiro de junho na pequena Caxias. Já de manhã bem cedinho era possível ver os habitantes da cidade esconderem-se do calor escaldante debaixo da sombra dos cajueiros a caminho do trabalho. Era uma quinta-feira feliz!

Como de costume José tomou um café reforçado e dirigiu-se a alfaiataria de bicicleta. Acordou os filhos antes de deixar o lar e instruiu cada um deles dos deveres daquele dia. Sua rigidez era quase militar e sua ordem expressa: Nenhuma das crianças tinha permissão de brincar na rua.

Maria do Carmo, a filha mais velha, era uma jovem de doze anos. Tinha cabelos castanhos e ondulados na altura dos ombros e um olhar doce de anjo. De personalidade forte, cabia a ela os cuidados da casa e dos irmãos. Apesar da aparente fragilidade, sua autoridade era respeitada pelo trio de irmãos mais jovens a quem constantemente ameaçava com severos cascudos. Sentia-se a substituta da mãe falecida.

Zezinho era um moleque hiperativo de dez anos de idade que tinha a admiração dos outros irmãos por ser o mais destemido da turma. Fora o primeiro a andar na bicicleta do pai e cair dela também. De estatura mediana e pele bem branca, tinha os joelhos e cotovelos cobertos de cicatrizes tamanho eram suas travessuras. A ele cabia a limpeza do imenso quintal da casa.

Jonas era um garoto de sete anos de olhar triste.Talvez tenha sido ele o filho que mais sentira a ausência da mãe. Via no pai um exemplo a ser seguido e a quem tentava imitar em cada ação. Era ligeiramente gordinho o que lhe proporcionava apelidos pouco respeitosos, mas não se queixava. Amoroso e prestativo a ele estava incumbido cuidados das aves. Sempre que conseguia escapava em segredo para o riacho que corria ao fundo do quintal da casa para escrever versos nas lages de pedra.

Carlos era o irmão caçula. Tinha seis anos e era fruto de um caso extra conjugal de José. Rejeitado pela mãe, passou a morar com aquela família desde bebê. Garoto de comunicação fácil e extremamente peralta já era "famoso" por todo o bairro. Arrancava com frequência o sorriso dos familiares e pricipalmente dos irmãos com suas imitações. Do pai, era preocupação constante.

Era hora de ir para a escola....

Continua...

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